O jeito brasileiro de fazer as coisas, pouco sério, egocêntrico, desfocado, descompromissado, é o maior dos nossos problemas. Como disse um amigo, o brasileiro é um saqueador, quase por origem. O país nasceu sendo saqueado pelos colonizadores. Com a independência e a república os governantes se espelharam no espirito saqueador do período do império e desde então essa falha de caráter passou a fazer parte da “natureza” dos nossos líderes políticos e empresariais, dessa feita em proveito próprio. Os primeiros trabalham para criar impostos abusivos que se tornam suas fontes de riqueza, os segundos, sentindo-se espoliados, respondem sonegando, sem o menor constrangimento.
Essa falta de seriedade, de compromisso com a nação e de competência se espelha em tudo o que aqui acontece. Inclusive no recente episódio do anúncio de fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, antecedido pela declaração de saída do Brasil pela General Motors, que após a ameaça, acaba de anunciar investimentos de R$ 10 bilhões em São Paulo em troca de incentivos fiscais.
Os anúncios causaram reboliço. São prenúncios da extinção de milhares de empregos, queda brutal na arrecadação de impostos automotivos, apreensão na cadeia de fornecedores, entre outras várias consequências nefastas.
Rápido, o governador de São Paulo tirou da manga um plano de benefícios fiscais para as empresas do setor que investirem no Estado. É a já muito conhecida e praticada guerra fiscal, que funcionou para atração de novos investimentos em locais distantes dos principais centros de produção industrial e de consumo. O que não parece ser o caso nos fatos recentes.
A permanência de unidades industriais automotivas já instaladas e consolidadas nos atuais centros produtores não depende de incentivos fiscais condicionantes, temporários e de interpretação duvidosa, como invariavelmente são esses programas de benefícios fiscais.
O que desejam e precisam os empresários para um planejamento eficiente é ter certeza sobre o futuro da política econômica do país, é a redução definitiva dos impostos muito elevados que recolhem para fabricar e vender seus produtos (em todos os setores da economia), é o fim do caro emaranhado burocrático que enfrentam para produzir, gerar riquezas e empregos, é a certeza que não serão espoliados pelos sindicatos e leis trabalhistas que tornam inviáveis qualquer planejamento empresarial. Uma das possíveis razões de a Ford decidir encerrar atividades em São Bernardo do Campo são as quase 2.500 ações trabalhistas que a empresa ali responde. Recorde mundial, parece.
O que o Brasil menos precisa neste momento é de nova onda de guerra fiscais. O que todos querem e esperam do novo governo federal é que cumpram a promessa de desoneração definitiva dos impostos que machucam o povo e o setor produtivo na nação.