Um pequeno jato de nariz longo e empinado e turbinas instaladas em inédita posição sobre as asas tem planos de conquistar a preferência do transporte aéreo executivo.
A Honda Aircraft Company, divisão aeronáutica da marca japonesa mais conhecida como fabricante de automóveis e motocicletas, anunciou no final de julho, sua decisão de expandir as vendas do HondaJet para a América do Sul. As vendas iniciarão no Brasil com a apresentação do jato executivo da Honda na LABACE 2015, Exposição e Convenção Latino Americana de Aviação Executiva, que acontece em São Paulo, de 11 a 13 de agosto. Com a inclusão do Brasil a rede de distribuição do jato executivo passa a abranger 3 continentes e inclui 11 países na América do Norte, Europa e América do Sul.
Lançado comercialmente no mundo em 2014 a decisão de expandir vendas para o mercado brasileiro levou em conta o fato de o Brasil ser o segundo maior mercado para vendas de jatos executivos novos, diz o Presidente e CEO da Honda Aircraft, Michimasa Fujino, que é também o responsável pelo desenvolvimento do projeto.
A Honda prefere não revelar suas expectativas de vendas no Brasil. De acordo com Marco Túlio Pellegrini, vice-presidente de operações da Embraer para a América Latina, a previsão de negócios nesse segmento ficará entre US$ 12 bilhões e US$ 16 bilhões até 2021, o equivalente a algo entre 700 e 900 unidades. O Brasil deve responder por 50% desse volume.
A frota brasileira de aviação geral, que engloba aviões particulares e aviação executiva, segue em crescimento. Os dados mais recentes da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) mostraram um avanço de 4,9% em 2013, com a aquisição de 756 aeronaves, sendo 283 novas e 473 usadas.
No Brasil, o atendimento aos clientes do HondaJet será prestado pela Líder Aviação, com sede em Belo Horizonte, que foi nomeada revendedora exclusiva do jato japonês, fabricado nos Estados Unidos.
A sede e fábrica da Honda Aircraft é Greensboro, na Carolina do Norte. A Líder Aviação é também representante para o Brasil dos aviões Beechcraft e Bombardier.
A solução mais radical do HondaJet foi colocar os motores sobre as asas, uma configuração que os mais céticos diziam que nunca iria funcionar. Mas no final da década de 90, Fujino identificou um “ponto ideal” sobre as asas onde o fluxo de ar se tornou ótimo e testes em tuneis do vento comprovaram a teoria do engenheiro.
A Honda solicitou patente para a configuração do motor em 1999 e um protótipo da aeronave levantou vôo pela primeira vez em 3 de dezembro de 2003, no dia do centenário do primeiro vôo dos irmãos Wright no Kitty Hawk.
A inédita posição do motor permitiu ao projetista aumentar o espaço interno da cabine, que tem pouco menos de 5 pés (1,60 m) de altura, sem a necessidade de aumentar o tamanho do avião ou comprometer sua velocidade (485 milhas por hora a 30 mil pés). Para a eficiência aerodinâmica do jato, a fuselagem usa fibra de carbono, mesmo material utilizado em seus carros de corrida. Já na empenagem (asas), por razões de custo e como não sofre tanta fadiga como a fuselagem, o material usado é alumínio, explicou Fujino.
O desenvolvimento das turbinas contou com a parceria da General Electric. Fujino diz que o projeto é de 30% a 35% mais eficiente em consumo de combustível em relação a outros jatos leves. Ele pode voar cerca de 2.590 quilômetros sem parar e atingir altitude de 43 mil pés (mais de 13 mil metros). O projetista fala com orgulho no nível de conforto do jato para cinco passageiros, ressaltando que o lavatório é “muito discreto” e o espaço para bagagens tem ótimo tamanho.
Eduardo Vaz, Presidente e CEO da Líder Aviação ressalta que o HondaJet é o jato executivo mais avançado do mundo e seu design diferenciado incorpora avançadas tecnologias e conceitos. A configuração exclusiva dos motores no topo das asas (OTWEM - Over-The-Wing Engine Mount), o fluxo natural laminar da asa e a fuselagem foram desenvolvidos a partir de extensas atividades de pesquisa, iniciadas em 1996, quando o projeto HondaJet nasceu sob a coordenação do mesmo Michimasa Fujino, que hoje comanda a Honda Aircraft.
O fabricante informa que o HondaJet “é o jato executivo mais avançado do mundo, com excepcionais vantagens em performance, conforto, qualidade e eficiência, além de ser o mais rápido, que voa a maior altitude, o mais silencioso e com a melhor eficiência em consumo de combustível na categoria”. Outras vantagens do design OTWEM são reduzir os ruídos na cabine, minimizar o barulho do contato com o solo, proporcionar o maior espaço interno da categoria, além do maior compartimento de bagagem e um lavatório completo a bordo. O HondaJet é equipado com dois motores turbofan GE Honda HF120 e é equipado com “a mais sofisticada” cabine de comando em vidro da categoria, uma nova geração do Garmin G3000 customizado pela Honda, sistemas aviônicos totalmente em vidro compostos por 3 displays de 14 polegadas e duplos controles touch-screen.
O preço final do HondaJet para os futuros compradores no Brasil está definido apenas na forma FOB (sem frete, seguros e impostos) a US$ 4,5 milhões, informou a Líder Aviação, por meio de sua assessoria de imprensa. Nos Estados Unidos o preço aproximado é de US$ 3,75 milhões. Os principais concorrentes do HondaJet são o Cessna Citation M2, o Eclipse 550, os Embraer Phenom 100 e Phenom 300.
HondaJet / Características técnicas
Motor - 2× GE Honda HF120 turbofan
Potência: 1.880 lbf
Aviônicos - Garmin G1000 cockpit de vidro
Velocidade máxima de cruzeiro: 778 km/h
Autonomia: 2.590 Km
Altitude de Serviço: 13.106,40 m 43.000 pés
Taxa de subida: 3.990 pés por minuto
Dimensões da cabine: altura (1,51 m), largura (1,52 m), comprimento (5,43 m)
Dimensões externas: altura (4,03 m), comprimento (12,71 m), envergadura (12,15 m)
Bagagem no nariz: 25 m³
Bagagem na parte de trás: 1,6 m³
Peso máximo de decolagem: 4.173 kg
Carga máxima: 635,04 kg
Capacidade do tanque de combustível: 696,51 litros
Consumo de combustível: 3,23 km/l
Distância para decolagem / pouso: 951 m / 762 m
Capacidade: 2 tripulantes + 5 passageiros (ou 1 + 6)